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terça-feira, 17 de dezembro de 2019

o Corvo - Edgar Allan Poe

Ah! bem me lembro! bem me lembro!
Era no glacial dezembro;
Cada brasa do lar sobre o colchão refletia
A sua última agonia.
Eu ansioso pelo Sol, buscava
Sacar daqueles livros que estudava
Repouso (em vão!) à dor esmagadora
Destas saudades imortais
Pela que ora nos céus anjos chamam Lenora,
E que ninguém chamará mais.

Trecho de The Raven (O Corvo) de Edgar Allan Poe.
Tradução por Machado de Assis



O corvo e o gato



O Jornal da Poesia traz a tradução
da obra de Poe por Machado de Assis
Acesse o site: 

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Ela abriu mão

Nothing But a Pack of Cards por Michael Cheval
Nothing But a Pack of Cards por Michael Cheval
Ela abriu mão. Sem nenhuma palavra, ela abriu mão.

Abriu mão do medo. 

Abriu mão dos julgamentos. 
Abriu mão da confluência das opiniões em torno de sua cabeça. 
Abriu mão do comitê de indecisões dentro dela. 
Ela abriu mão de todas as razões "certas". Inteira e completamente, sem hesitação ou preocupação, ela abriu mão.

Ela não perguntou a opinião de ninguém. 

Não leu um livro sobre "Como abrir mão". 
Não procurou nas escrituras. 
Apenas abriu mão. 

Ela abriu mão de todas as memórias que a prendiam. 

Abriu mão da ansiedade que a impedia de seguir em frente. 
Abriu mão do planejamento e cálculos sobre como fazer isso certo.

Ela não prometeu abrir mão. 

Ela não escreveu um diário sobre isso. Nem anotou na agenda sobre esse dia. 
Ela não fez nenhum pronunciamento público e não fez anúncio no jornal. 
Ela não verificou a previsão do tempo e nem leu seu horóscopo diário. 
Ela apenas abriu mão.

Ela não analisou se deveria ou não abrir mão. 

Não ligou para os amigos para discutir o assunto. 
Não fez nenhum tratamento espiritual de cinco passos. Não ligou para o padre. 
Ela não pronunciou nenhuma palavra. Ela apenas abriu mão.

Não tinha ninguém perto quando isso aconteceu. 

Nenhum aplauso ou parabéns. 
Ninguém a agradeceu ou elogiou. 
Ninguém percebeu nada.
Como uma folha que se solta da árvore, ela apenas abriu mão.

Não houve esforço. Não houve briga. Não foi bom e não foi ruim. Foi o que foi, simples assim.


E nesse espaço de abrir mão, ela deixou tudo ser. Um pequeno sorriso apareceu em seu rosto. Uma leve brisa soprou através dela. E a lua e o sol brilhavam para sempre.


(Saphire Rose)


Originalmente postado no site Querida Ansiedade de Camila Wolf.